Quase 10 anos após o lançamento de Destiny 2, chegamos talvez ao seu maior e mais importante capítulo até então: a batalha final entre a Luz e a Escuridão. A conclusão de uma saga que começou ainda no primeiro jogo, e que agora coloca o destino do universo em nossas mãos. Literalmente.
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A Forma Final é talvez a expansão mais ambiciosa de Destiny 2, e traz uma série de mudanças e novidades muito aguardadas pela comunidade, ao mesmo tempo nos imerge em uma aventura épica em todos os sentidos.
O Capítulo Final?
Como já vem sendo comum em todas as expansões anteriores, a Forma Final chegou com uma nova campanha, que leva o Guardião e a Vanguarda para dentro do Viajante, onde precisamos libertar ele da Testemunha para poder evitar a tão temida Forma Final.
A nova expansão se destaca especialmente se comparada a Queda da Luz, que de forma geral foi bem decepcionante. A história de A Forma Final traz muito mais peso para a narrativa, e realmente sentimos que estamos lutando contra algo ameaçador, personificado na imponente Testemunha. Outra coisa que me agradou muito também foi o arco de alguns dos principais personagens, especialmente o comandante Zavala.
Inclusive, esse é um personagem que vale um capítulo à parte, visto que esta é a primeira vez que Lance Reddick, que infelizmente faleceu em março de 2023, não interpretou o personagem, sendo substituído por Keith Richards, que é conhecido por ser a voz do Spawn. A voz de Lance é muito icônica, então naturalmente a diferença é perceptível. Mas Keith faz um excelente trabalho como herdeiro do legado de Reddick e entrega uma ótima performance, ainda mais quando levamos em conta o arco emocional que o comandante Zavala passa durante a Forma Final, e o trabalho de Richards me agradou bastante.
Quem também merece destaque é o personagem Cayde-6, que retorna para a história 6 anos após sua morte na Prisão dos Anciões como se ele nunca tivesse saído, ainda mantendo seu tradicional tom humorístico, mas que vem acompanhado de mais profundidade, visto que o personagem passa quase toda a campanha tentando entender qual o seu propósito na vida agora que ele não tem mais a Luz e nem sua fantasma Sundance.
Talvez esta seja a narrativa mais bem trabalhada e profunda que já vimos em Destiny, A Forma Final é uma campanha onde você realmente sente o peso da ameaça que estamos enfrentando. Com atuações memoráveis, aprofundamento nos personagens, revelando mais sobre seus traumas e motivações, além de momentos de bastante peso emocional, a Bungie nos entregou, no que se refere à história, a melhor expansão que Destiny já teve.
Prismática: balanço entre Luz e Escuridão
Juntamente com uma nova campanha, A Forma Final trouxe uma nova sub-classe para os Guardiões: Prismática. Levando em conta a lore do jogo, o estado Prismático é atingido quando a Luz e as Trevas estão equilibradas dentro dos nossos personagens. Isso era algo que vinha sendo construído há um bom tempo, com a introdução das sub-classes Stasis e Filamento, que vêm da escuridão.
Como a Prismática funciona?
Basicamente, a Prismática é uma combinação e todas as sub-classes, tanto da Luz quanto da Escuridão, que agora estão em equilíbrio no nosso Guardião. Portanto, com a Prismática, é possível combinar habilidades e aspectos de várias sub-classes diferentes em uma só. Por exemplo, você pode usar uma granada de vácuo com a habilidade corpo a corpo de filamento, a habilidade de classe de arco e o super Solar.
Conforme vamos utilizando as habilidades e armas da Luz e da Escuridão, vamos preenchendo duas barras que ficam logo abaixo da barra de super. Quando ambas estão cheias, nosso personagem pode transcender. Nesse estado, recebemos dano reduzido, nossas habilidades corpo a corpo se regeneram de maneira quase instantânea e recebemos uma nova granada, que combina dois efeitos de sub-classes diferentes. O Caçador combina estase e solar, o Titã arco com filamento e o Arcano estase com vácuo. Esse estado dura até a barra se esvaziar, podendo ser estendido conforme mais inimigos matamos com ele.
O conceito da subclasse prismática é muito interessante, e talvez a classe que mais se beneficiou com isso foram os Caçadores, que tem um leque de opções enorme. O Arcano também, apesar de em menor escala. O grande problema está na classe dos Titãs, que mais uma vez veio muito mais fraca que as outras, e limitada quase 100% a focar no corpo a corpo, algo praticamente inviável nos conteúdos mais difíceis, nos quais tudo pode te matar em um piscar de olhos.
A Bungie inclusive já se pronunciou afirmando que eles ainda estão ajustando a nova subclasse, e que os Titãs devem receber mudanças.
Apesar disso, a classe Prismática é extremamente divertida de se utilizar, e permite uma variedade grande de estilos de jogo em grande parte dos casos, Mesmo para os Titãs, existe um potencial de crescimento grande devido a essa maleabilidade, um potencial que espero ver desenvolvedora explorar plenamente.
O Coração Pálido
Outro ponto bem positivo de A Forma Final fica por conta dos cenários e novos inimigos. Visualmente, os dois são bem únicos e bonitos de uma maneira bem macabra. Os cenários misturam elementos de outras áreas que já visitamos no jogo e adiciona uma estética meio abandonada, com o principal destaque sendo a Torre da Vanguarda original do primeiro Destiny, que foi destruída durante a Guerra Vermelha, primeira campanha do segundo jogo.
Já por parte dos inimigos, nós temos 4 novos tipos: Soturnos, criaturas voadoras capazes de suprimir nossas habilidades se chegarem muito perto, Cascos, focados em combate corpo a corpo, e os Criados e Tecelões, capazes usar os poderes de Estase e Filamento, respectivamente. Os 4 novos inimigos são bem interessantes, e suas habilidades impactam bastante o combate, em especial em conteúdos mais difíceis, como a Campanha Lendária, Incursão Limiar da Salvação e a versão Grão-Mestre da Excisão. Mas vamos falar mais delas em breve.
O Coração Pálido, novo mundo que A Forma Final se passa, precisa ser destacado muito positivamente, por atividades de mundo bem divertidas e diferentes, e que dão muito mais liberdade pro jogador completar elas de vários jeitos. E levando em conta que precisamos fazer elas múltiplas vezes para liberarmos algumas das novas armas e até missões especiais, essa variedade de objetivos torna muito menos cansativo ter de repetir as atividades inúmeras vezes.
As missões que fazemos, tanto na campanha quanto secundárias, também parecem ter recebido uma atenção a mais, já que elas introduzem várias novas mecânicas e puzzles que lembram um pouco as masmorras e incursões, conteúdo mais focado pro endgame. Isso cria uma maior variedade, e da mesma maneira que ocorre com as atividades de mundo, torna tudo bem mais interessante de se fazer e até repetir.
Além de muito bonito, o novo planeta, se é que podemos chamar o interior do Viajante disso, é uma ótima adição aos destinos dos Guardiões, trazendo atividades e missões variadas e divertidas de se fazer. E dado a natureza looter shooter do FPS da Bungie, que implica na repetição de muitas dessas missões para poder obter versões craftaveis das armas e armaduras com status melhores, a variedade ameniza muito o cansaço dessa repetição.
E como era de se esperar, com uma nova expansão e um novo planeta, também chegou uma nova Incursão: O Limiar da Salvação. Esse conteúdo, juntamente das masmorras, é bem desafiador não só por envolver o enfrentamento com inimigos mais fortes, mas também por ter diversos puzzles e mecânicas únicos para aquela atividade, que demandam uma boa comunicação e coordenação de equipe.
E no caso do Limiar da Salvação, não é diferente. Arrisco-me a dizer inclusive que essa é a incursão mais difícil de todo o jogo, com uma mecânica que exige um nível de atenção e coordenação maior que os outros. Mas o que mais me agradou nessa raid é como ela é bem amarrada na história como um todo, algo que não vinha acontecendo tanto em expansões passadas. Aqui, nós realmente sentimos que estamos jogando o último capítulo de A Forma Final. Quer dizer, o penúltimo.
Após o primeiro time concluir o Limiar da Salvação, a Bungie liberou para todos os jogadores um novo modo chamado Excisão, no qual 12 jogadores se juntam para uma batalha final contra A Testemunha. Essa é uma atividade bem simples, mas muito divertida, e que dá uma conclusão épica pra batalha entre a Luz e aa Escuridão, e já dando uma pista do que nos aguarda para o futuro de Destiny 2.
Melhorias no jogo como um todo
Além de todo o conteúdo novo, a Forma Final veio acompanhada de algumas atualizações e melhorias em sistemas do jogo como um todo. Vale destacar que essas mudanças valem para todos os jogadores, mesmo quem não adquiriu a expansão.
A principal delas é a introdução do sistema chamado PathFinder. Nele, nós temos vários objetivos que podemos cumprir, e conforme vamos os completando, ganhamos experiência e vamos abrindo um caminho, que nos leva até o centro, onde estão recompensas melhores, como Poeira Brilhante, Engramas Primitivos, Prismas de Aprimoramento, a espada Exótica Ergo Sum, e por ai. Você pode fazer todos os objetivos de maneira simultânea, mas apenas consegue reivindicar uma recompensa caso ela esteja em um caminho que você liberou.
Por enquanto, nós temos apenas 2 Pathfinders: um para o Coração Pálido, e um para as atividades de ritual (Crisol, Artimanha e Vanguarda), que substituiu os contratos dos seus respectivos vendedores. Essa é uma mudança que simplifica bastante o processo de obter recompensas como Engramas Primitivos, utilizados para aumentar a Luz do seus equipamentos, e Poeira Brilhante, uma alternativa gratuita para comprar itens cosméticos da loja. Outra coisa que me agradou é o fato de que todos os desafios podem escolher o caminho que você prefere para chegar no centro.
Por exemplo, eu não sou alguém que se aventura muito no Crisol, por preferir os modos PvE como Vanguarda e até mesmo Artimanha. Então, para completar o Pathfinder dos Rituais, eu sempre priorizo os caminhos que tem apenas desafios desses dois modos e desafios gerais, como matar inimigos nessas atividades com um determinado tipo de arma.
Outra mudança vem por parte de reworks em dois vendedores: Xúr, o Agente dos Nove, e o Mestre Rahul, ou Cryptoarch, que decifra nossos engramas. Ambos agora tem níveis que podemos aumentar comprando itens com eles. No entanto, talvez a maior mudança seja por parte do que eles vendem agora. No caso do Xur, podemos comprar mais armas Exóticas e também seus catalisadores. Essa foi uma mudança ótima, em especial pensando em jogadores mais novos, que poderão melhorar as próprias armas sem depender da sorte ou do grind extremo.
Já por parte do Mestre Rahul, podemos obter equipamentos exóticos que ainda não temos depois de resetar o seu nível uma vez, o que também foi uma ótima mudança por reduzir o estresse de ter de caçar esses equipamentos, essenciais para auxiliar o estilo de jogo do seu Guardião, em especial se tratando de conteúdos do endgame.
Episódio Echoes traz novidades, mas repete erros do passado
Apenas uma semana após o lançamento de A Forma Final, a Bungie já soltou a primeira temporada da expansão: Echoes, que é focada no planeta Nessus e na raça robótica dos Vex.
Diferentemente de como elas vinham sendo feitas em anos anteriores, agora as temporadas são divididas em episódios, com a última parte do primeiro episódio tendo sido lançada na semana passada. Segundo os próprios desenvolvedores, isso foi feito para reduzir o intervalo sem novas missões e conteúdos, que são sempre lançados semanalmente, entre uma temporada e outra.
Por isso agora, em vez de termos todo o conteúdo da temporada concentrado em aproximadamente dois meses, vamos tê-lo diluído por mais tempo.
Porém, o que acabou acontecendo é que esse intervalo deixou de ser no final da temporada e passou a ser no meio dela, já que agora temos que esperar mais duas semanas da data de publicação deste texto para podermos continuar a história. Então no final, acabamos apenas trocando seis por meia dúzia.
E para piorar, o primeiro episódio termina quando a história começa a engrenar, o que torna ele nada mais do que um prólogo alongado.
Destiny 2: A Forma Final traz uma das melhores experiências de Destiny em anos, se não a melhor. O novo pacote de conteúdos adicionais traz uma campanha bem elaborada, tanto em termos de história quanto em jogabilidade, uma subclasse divertida e com muito potencial de versatilidade, um novo mundo interessante e com atividades divertidas e que não se tornam muito cansativas, mesmo após inúmeras repetições, e um endgame fantástico e desafiador, que fecha com chave de ouro tudo que A Forma Final trouxe. Mesmo com um novo formato de temporada que deixa a desejar, a mais nova expansão foi uma excelente adição para o jogo, e é praticamente uma experiência obrigatória pros amantes desse universo criado pela Bungie.